Coluna: "E o Vírus Matou a Lei" - de Nilton Santos

Nesse tempo quase monotemática, onde o covid-19 assume protagonismo quase absoluto, só não o sendo porque nossos políticos se encarregam de roubar a cena num teatro escuro e vazio, enquanto lá fora tudo parece um grande improviso; o cara ou coroa entre vida e morte. Com o presente em modo pausa, só nos resta projetar o futuro, porque mais dia menos dia teremos que sair da toca para tocarmos nossas vidas, “Senão chega a morte ou coisa parecida e nos arrasta moço sem ter visto a vida”. Uma das coisas fundamentais - que já devíamos estar debatendo à exaustão - é a alteração de nossas leis que precisam se adaptar à nova realidade, onde a agilidade, a eficiência, o incentivo e facilitação a quem produz e gera empregos, proteção a quem só tem a força de trabalho para trocar pelo pão de cada dia, mais recursos para ensino e pesquisa, etc...

O vírus passou uma borracha em nosso ordenamento jurídico, portanto precisamos - para ontem -, reconstruí-lo. Por outro lado, o poder executivo precisa engatar a primeira, deixar de lado as polêmicas inúteis, abandonar o jogo para a torcida - que até funciona por um tempo, mas não enche barriga, no máximo linguiça. Talvez esteja mal informado, mas não vejo dos nossos governantes iniciativas para uma profunda alteração legislativa diante da implosão das classes sociais, onde a classe média invadiu o vagão destinado à pobreza que já havia migrado para o dos miseráveis. Na mão dos nossos legisladores está o nosso futuro, e aí está o problema.

Por tudo o que eles têm demonstrado ao longo dos anos, mesmo para quem não tem fé, orar virou obrigação. Por votarmos no rostinho bonito, no moço ou moça da hora, no malandro do discurso falacioso, escalamos muito mal as pessoas responsáveis pela urgente alteração em nossas leis, leia-se: nosso destino. Enfim, os culpados somos nós mesmos.Nesse momento calha citar Raul Seixas: "Quem não tem presente se conforma com o futuro".