Nilton Santos

REGINA DUARTE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

A entrevista da Secretária Especial de Cultura Regina Duarte à CNN Brasil - se é que se pode chamar aquilo de entrevista -, mais do que um delírio patético, foi um soco na boca do estômago de todos aqueles que ainda insistem em manter a serenidade em tempos de terra em transe, dos rostos cobertos por máscaras... A "Namoradinha do Brasil" passou a impressão de que, de repente, caiu na terra sem nenhuma noção do passado, do presente e, consequentemente, não faz a mínima ideia sobre o futuro.

Tal postura não seria nenhum problema, porém, em sendo ela a responsável pelas ações na área cultural do país, o problema passa a ser nosso. Regina, entre caras e bocas, passou-me a impressão de que interpretava – muito mal - um personagem de outro mundo onde a empatia com o sofrimento e perdas simplesmente não existe. Chocante foi a resposta que deu quando questionada acerca do silêncio da Secretaria Especial da Cultura diante da perda recente de personagens como Aldir Blanc e outros, se justificou dizendo que não o conhecia., portanto não via razão alguma para uma manifestação oficial de pesar. Mas o pior ainda estava por vir... De repente, sem nenhum pedido, razão ou sentido, passou a cantarolar "Prá frente Brasil, salve a seleção a seleção...", arrematando: “Não era bom quando se cantava isso?

Infelizmente “Pra frente Brasil”, não só embalou torcida brasileira na Copa de 70, mas também, em alto volume foi muitas vezes tocada para abafar os gritos de dor dos infelizes que caíram nas mãos dos que faziam da tortura profissão em favor da ditadura. Diante de tamanha falta de noção, se tivesse a oportunidade de com ela falar, perguntaria: Regina, em que mundo você vive?