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Patrick Lima Prade

  • Foto do escritor: Magaiver Dias
    Magaiver Dias
  • 25 de abr. de 2020
  • 5 min de leitura

Os Meninos na Caverna e Os Rapazes no Lago

Hoje vou usar esse espaço para falar de dois filmes que serão lançados ainda esse ano e que assisti essa semana via streaming. Ambos baseados em fatos reais e com semelhanças na história. A Caverna (The Cave, 2019) conta a história dramática dos doze meninos que ficaram 17 dias presos em uma caverna na Tailândia em 2018 e que ganharam os noticiários do mundo todo. Já Irmandade (Brotherhood, 2019) se passa quase um século antes, em 1926, e conta a história de um grupo de quinze rapazes que saíram em uma canoa, foram vítimas de uma tempestade e ficaram quase 24 horas á deriva em uma temperatura fria na água agitada. Ambos os casos viraram filmes e possivelmente serão lançados em serviços de streaming no Brasil, devido ao fechamento dos cinemas no mundo todo. ‘A Caverna’ já está em serviço de streaming nos EUA, enquanto ‘Irmandade’ pode ser adiado e lançado no aniversário da tragédia, em 20 de julho. Embora reais e semelhantes, os filmes tem focos diferentes: ‘A Caverna’ foca mais na história do serviço de resgate, nos bombeiros e voluntários, enquanto ‘Irmandade’ exibe quase que inteiramente o drama dos rapazes na água. Agora vamos relembrar um pouco de cada história individualmente, separadas por quase um século e com finais completamente diferentes.

Os Meninos Na Caverna

‘A Caverna’ já começa no momento em que os doze meninos e seu treinador, do time Javali Selvagens de uma pequena cidade da Tailândia, adentram a caverna após uma partida de futebol. A chuva forte faz com que ruas, plantações e rios transbordem e logo a saída da caverna é interrompida com a água que não para de subir. Assustado, o time procura lugares mais altos e com isso acabam entrando ainda mais para o fundo da caverna. No dia seguinte suas bicicletas são encontradas na entrada e logo toda a cidade deduz o que aconteceu. Começam então as orações e a preparação de equipes e voluntários para retirar os meninos da caverna. A notícia se espalhou e logo mergulhadores voluntários e equipes do mundo todo se dirigiram para a pequena cidade, num total de mais de mil pessoas envolvidas no resgate. Depois de uma semana eles foram localizados, foi feito o primeiro contato para então começar o planejamento para levar os equipamentos pelos estreitos e inundados túneis da caverna.

O filme mostra o que as notícias não mostraram: a vida pessoal e os dramas dos bombeiros e mergulhadores que largaram tudo para ir ajudar, também foca na dificuldade de ajudar: um senhor dono de uma fábrica de bombas de água atravessou o país com um caminhão e suas bombas para ajudar, mas foi impedido de se aproximar do local, enquanto minúsculas bombas drenavam á água, ele tinha a solução para diminuir o nível da inundação e facilitar o trabalho. Essa demora em aceitarem a ajuda dele atrasou no mínimo uns dois dias o resgate dos meninos, e sem ele o resultado poderia ser desastroso, já que os meninos foram retirados no limite de suas forças, alguns com temperatura inferior á 35 graus, outros desidratados e em pânico. No final, após 17 dias, todos foram retirados com vida e viraram celebridades ao redor do mundo. Um dos bombeiros voluntários morreu durante a operação, e outro após um ano de tratamento, não resistiu e faleceu no hospital. Alguns mergulhadores voluntários e familiares participaram do filme interpretando á si mesmos, e as gravações foram feitas na verdadeira caverna onde o fato ocorreu. Na mesma época, essa inundação acabou com as plantações dos moradores da cidade, e o governo indenizou cada um, dando-lhes ajuda financeira, a maioria negou o dinheiro e pediu que a quantia fosse usada para ajudar no resgate ou as famílias dos meninos. Uma verdadeira lição de solidariedade nos dias atuais, onde no meio de uma pandemia, vemos cada um pensando somente em si mesmo, sem se dar por conta que estamos todos presos na mesma caverna, vítimas da mesma inundação.

Os Rapazes No Lago

Diferente de ‘A Caverna’, onde a mídia e as comunicações facilitaram o resgate o mais rápido possível dos meninos, em 1926 quinze jovens passaram por uma tragédia que não pode ser amplamente divulgada á tempo. Devido á época em que este fato ocorreu, as notícias são precárias e com algumas inconsistências, como o número de jovens, que varia entre onze e dezessete, sendo quinze o número mais preciso. No Canadá, o Lago Balsam tem aproximadamente 48km2 de extensão, sendo 16 km de comprimento e aproximadamente 4 km de largura. Não é o dos maiores lagos da região, mas durante uma tempestade fica difícil se localizar e encontrar as margens, ainda mais se você tem entre seis e 16 anos, está com uma canoa virada, numa escuridão total, na água fria em pleno ano de 1926.

Foi o que aconteceu com 15 rapazes em um acampamento após a 1ª Guerra Mundial

Quando a Guerra eclodiu, os homens foram lutar deixando as mulheres e crianças. Após voltar, as crianças já estavam grandes e quase virando adultas. Alguns desses homens acharam que os meninos criados pelas mães ficaram um tanto mimados e afeminados, então procuraram uma Irmandade da igreja que realizava acampamentos para os rapazes virarem ‘homens’. Eles aprendiam á pescar, fazer fogueiras, viver em grupo, acordar cedo, nadar, enfim, uma rotina dura e cheia de desafios. Em uma tarde, dois monitores e alguns rapazes subiram em uma canoa para ir até outro acampamento buscar outras canoas, por isso o excesso de tripulantes na canoa. No meio do caminho uma tempestade deixou o céu escuro, fazendo cair à temperatura e virando a canoa, deixando todos agarrados á embarcação virada e os menores em cima por terem menos resistência. Nenhum usava colete salva-vidas e os remos foram perdidos.

Restavam apenas nadarem empurrando o barco para a direção que eles julgavam ser a mais próxima. Durante a noite, alguns tentaram procurar a margem nadando sozinhos, e um á um foram desaparecendo. Outros não resistiram á baixa temperatura e morreram ali mesmo, agarrados ao barco. Em terra firme, ninguém se preocupou com a demora, achando que eles tinham ficado no outro acampamento. No dia seguinte, já com sol, um monitor e três rapazes conseguiram chegar á uma ilha, conseguiram desvirar a pesada canoa e improvisando remos, chegaram ao acampamento de onde tinham saído quase 24 horas antes. Foram os quatro únicos sobreviventes. Nos dias seguintes, todos os corpos dos outros afogados foram encontrados. Hoje em dia, uma placa com o nome das vítimas existe para homenagear os meninos no local do acampamento, e no dia da tragédia, 20 de julho, porém no ano de 2019, uma exibição especial de ‘Irmandade’ foi feita para os moradores da cidade, que nunca esqueceram essa tragédia.

Enquanto ‘A Caverna’ raramente mostra os meninos, focando apenas no resgate, ‘Irmandade’ parte pra emoção e mostra o drama dos rapazes, que passavam o tempo cantando e contando histórias para espantar o sono e o frio, e tentar sobreviver. O final foi diferente para ambos, mas nos dois casos a caridade foi o que conseguiu salvar vidas. Em ‘A Caverna’ pessoas abriram mão de suas vidas e dinheiro para ajudar, em ‘Irmandade’ os maiores e mais resistentes cederam lugar aos mais fracos na canoa virada, dando á eles a chance de sobreviver. Havia inclusive dois irmãos, onde o mais velho cedeu o lugar para o mais novo e esse sobreviveu, enquanto o mais velho se afogou. Infelizmente é nas tragédias que esse sentimento de caridade e compaixão vem á tona no ser humano.

Seria lindo se ajudássemos mais nas tragédias pessoais de cada um, seja ouvindo ou doando um prato de comida, por exemplo. Que mais tragédias e pandemia não sejam necessárias para fazer surgir o melhor de cada um de nós!

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