Nilton Santos
- Magaiver Dias
- 19 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
OS MORTOS DECIDIRÃO
Enquanto balançamos entre a precaução e a necessidade de retomada da atividade econômica, Brasília, como desde sempre, é palco da batalha pelo poder onde o povo é tratado como apenas mais um detalhe. Em tempos de crise, na hora de agarrar a faca pelo fio, nascem ou sucumbem lideranças e, nesse balanço, os bastidores da política se transformam em campos de feroz batalha, não pelo nosso futuro tão incerto, mas pelo mando. Neste triste cenário se destacaram o presidente, o agora ex-ministro da saúde e o governador de São Paulo.
Bolsonaro estabeleceu como estratégia o andar na contramão das recomendações da OMS e das maiores autoridades mundiais para travar ao máximo a transmissão do vírus, no que confrontou com o então responsável pela estratégia do combate à pandemia em nosso território. O primeiro defendia o isolamento vertical, ou seja, para apenas às pessoas consideradas como mais vulneráveis. O outro, que todos, sem distinção, ficassem em casa aguardando a tempestade arrefecer. O governador de São Paulo, farejando a oportunidade, torcendo sem disfarce pelo desgaste de Bolsonaro no embate com Mandetta, o que lhe daria precioso empuxo para a sua escalada até o palácio do planalto. O ministro da saúde, por força da sua atuação na crise, rapidamente ganhou status de presidenciável, o que instalou cenário paralelo às aflições e incertezas; tudo o que não precisamos nesses dias tão escuros e sem uma aurora previsível.
Os três personagens passaram a jogar mais o jogo dos próprios interesses futuros do que o da população. O número de mortos que o futuro irá nos entregar será decisivo para as pretensões políticas de muitos os que espreitam na crise a chance de se manter ou chegar no Olimpo do poder. Não existem mocinhos nessa guerra. O número de mortos será decisivo para os senhores da guerra política. Enquanto isso, o ficamos batendo boca sem sentido com quem discorda do nosso ponto de vista.

Comments