Nilton Santos

A AMIZADE É UM PATRIMÔNIO

Nos tempos modernos o conceito de amizade se ampliou muito. Antes das redes sociais ser considerado amigo implicava numa interação física, conquistava-se os amigos pela convivência no trabalho, na escola, na vizinhança... Hoje, a maioria dos "amigos" é virtual. Nas redes sociais temos muitos deles. A maioria sequer demos um olá, mas estão nominados como pessoas que, em tese, teríamos alguma proximidade. Não é bem assim. Grande parte deles não é nosso amigo, alguns deles sequer conhecemos, mas consta o registro de que somos próximos. Amizade, como todo sentimento é inexplicável.

A atração, assim como a repulsa imediata por alguém, vibra como algo espiritual, não se conceitua, apenas se sente, sem se saber porque. Hoje faço amigos em proporção muito menor do que antes, certamente porque ao longo da vida vamos mudando de padrão de comportamento, o que afeta diretamente na construção de novas amizades. Ficamos mais seletivos, geralmente mais espiados, com quem de nós se aproxima, o que dificulta que se criem novas amizades. O amigo é aquele que nos permite a máxima aproximação conosco mesmos, pois diante de uma dificuldade é diante dele que saímos da armadura que criamos para nos proteger e nos revelamos mais para nós mesmos do que com ele, o amigo com o qual construímos uma relação de confiança quase que absoluta.

O Afeto que nos une a quem chamamos de amigo é um patrimônio valioso de nossa existência. Paulo Santana, em sua genialidade, é brilhante ao dizer do sentimento que temos em relação aos nossos amigos: "E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"