Nilton Santos
- Magaiver Dias
- 24 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
O FUTURO A CONTA-GOTAS
Na quarta-feira o ministro Moro se autoconvocou para ir ao Senado para dar explicações sobre a publicação de mensagens atribuídas a ele e membros do MPF encarregados de tocar a operação Lava-Jato. Os apoiadores e o próprio ministro interpretam os mensagens como "nada de mais", os contrários estão convencidos de que ele, enquanto juiz, cometeu falta grave, capaz de anular todos os atos que praticou nos processos em que funcionou e julgou acusados de dar e receber propina para obter vantagens em contratos com o governo, condenando-os ou não.
Sérgio Moro, apesar do discurso previsível - se é que seria possível agir de outra forma - além de rebater as acusações de parcialidade, partiu para a ofensiva desafiando o saite Intercept a publicar todas as conversações que lhe foram repassadas por fonte protegida pelo anonimato. O correr dos dias, segundo prometido por Glenn Greenwald do Intercept-Brasil, trará novas mensagens, segundo ele, comprometendo, não só Moro e procuradores, mas também empresários e políticos de todos os matizes. Se não trouxer grandes novidades, corre o risco de consagrar o hoje ministro da justiça, contudo, pairará sempre a dúvida sobre a lisura da sua atuação e dos promotores, prejuízo difícil de ser reparado.
Nessas situações, por mais que se prove o contrário, jamais se recomporá plenamente os prejuízos que uma acusação traz, motivo mais do que suficiente para que se pense muito antes de atribuir a alguém uma conduta reprovável pela lei ou moral social, pois o prejuízo moral geralmente é irrecuperável. Acho que a sociedade tem o direito de conhecer todo o conteúdo das mensagens que estão nas mãos de Greenwald pois não é justo, para ninguém, ficar ao sabor do seu arbítrio quando o interesse de todos nós está em jogo.

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