Paulo Ribeiro
- Magaiver Dias
- 14 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
O Astral
A loja onde outrora se localizava o extinto Cine Ópera Astral mantém vivo até hoje o letreiro que identificava uma antiga casa dos sonhos da cidade, na curva da Rua Júlio de Castilhos. Embaixo temos uma loja que comercializa modernos eletrodomésticos, na parte superior do prédio um letreiro que nos remete a idos tempos de uma saudade que de forma muito carinhosa ficou guardada na memória de várias gerações de cachoeirenses.
Durante minha infância, me recordo dos filmes dos Trapalhões, as longas filas duplas que se formavam ultrapassando o clube Grêmio Náutico Tamandaré e alcançando a Rua Juvêncio Soares na outra ponta, eram sessões lotadas e gente protestando do lado de fora.
Eram tempos de um romantismo que não existe mais, nosso cinema foi sendo abandonado por diversos fatores, até ser jogado às moscas para parcos expectadores até morrer à míngua. Do encanto daqueles tempos restou o letreiro que desafia a memória da saudade. Impossível cruzar por ali e olhar para a identificação do velho cinema sem ser atingido por reflexo do que ali foi vivido numa época em que os cinemas eram sagradas casas de espetáculo Brasil afora, sendo palcos também para peças de teatro e musicais de pequeno porte que muito nos alegraram.
No Astral muitas vezes íamos também com a turma da escola, para sessões específicas com filmes que nos auxiliavam no processo de educação, como aqueles com temática histórica. Saíamos sempre encantados, convictos de termos pisado num local encantado do paraíso na terra.
Mas eu me referia à identificação preservada até hoje, aquele letreiro é uma espécie de lápide que nos remete a um tempo nem tão distante assim, mas que sabemos: nunca mais voltará.

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