Nilton Santos
- Magaiver Dias
- 14 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
A JUSTIÇA EM CHEQUE
A bomba que explodiu no domingo vai causar estragos ainda imensuráveis. O principal atingido no episódio é nada menos que estrela da companhia, o ministro da justiça Sérgio Moro, em quem a nação deposita suas esperanças de justiça pela punição de corruptos e corruptores apontados na operação Lava Jato.
As consequências do vazamento de diálogos travados entre membros do Ministério Público Federal e Moro pelo site intercept são imprevisíveis e podem arrastar o país para uma crise institucional sem precedentes. O olho do furacão está sobre o poder judiciário que, pela lei maior, deve guardar equidistância entre as partes a fim de proferir um julgamento justo, imparcial.
Moro não negou participação em grupo de conversação onde ele era o único juiz, os demais eram membros do MPF, a força tarefa da operação Lava Jato. Não vejo mal nenhum em as partes conversarem com o juiz da causa, pelo contrário, acho muito bom que dialoguem, obviamente dentro dos limites que cada ator em um processo judicial deve guardar.
O que até o momento foi revelado indica a possibilidade de um concerto entre acusação e juiz com objetivo de acelerar, inverter a ordem das operações e influenciar um ministro do STF, o que é gravíssimo, já que poderá anular todos os processos presididos por Moro por suspeição. Caso os próximos capítulos confirmem o ajuste entre acuadores e julgador se criará o paradoxo onde o criador mata a criatura, sem falar no estrago que causará a todo o nosso já tão criticado sistema judiciário.
É preocupante a postura dos acusados e do governo diante de tão graves acusações, acuados, emitiram declarações mínimas, evasivas e silêncio constrangedor. Calha no nesse momento grave da nação o provérbio: "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

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