Paulo Ribeiro
- Magaiver Dias
- 7 de jun. de 2019
- 2 min de leitura
Nosso caos
Recordo de minha infância na zona norte da cidade, a rua onde sempre morei era de chão batido, com canalização ainda por fazer. Nessa parte da cidade o comércio praticamente inexistia, tínhamos pouca coisa na Av. Brasil, que concentrava o grande fluxo de veículos. Com o passar dos anos a cidade foi crescendo nesse espaço, o comércio se intensificou e as vias públicas foram melhorando com a chegada do asfalto.
Mas talvez tenha sido a facilitação ao acesso aos veículos a principal mudança em nosso cenário urbano, os carros foram tomando conta. Isso não apenas na zona norte, temos uma grande disputa por espaço em várias ruas da cidade. Em alguns pontos é visível a falta de planejamento, um crescimento de forma desordenada. Não raras vezes, por falta de vagas se percebe que alguns motoristas estacionam inclusive em cima de passeios públicos ou em frente a garagens. Parece não haver uma disciplina para regular até mesmo o espaço público ocupado por revendas de carros, por exemplo.
Quem examina a 7 de Setembro na altura da Praça Honorato de Souza Santos em direção ao Palácio João Neves da Fontoura nota uma rua sufocada por carros, enquanto uns vêm em direção à subida dos bancos várias dezenas estão estacionados ao longo da via estreita demais para o fluxo ao qual se submete todos os dias, incluindo a passagem de ambulâncias. E a frota cresce rápido demais, o pouco que tem sido feito para melhor gerir o caos serve apenas para impedir o colapso total.
A velha máxima que versa sobre povo e governo se aplica também em nossa mobilidade urbana, toda sociedade tem o líder que merece. Reclamamos das condições do trânsito, mas não ligamos o pisca ao fazer as conversões, ultrapassamos o sinal vermelho, não respeitamos o espaço da garagem alheia, dirigimos falando ao celular e estacionamos em cima das calçadas. Como dizia a letra de um funk que fez muito sucesso alguns anos atrás: "Tá dominado, tá tudo dominado". Salve-se quem puder.

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