Paulo Ribeiro
- Paulo Ribeiro
- 24 de mai. de 2019
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"Então não te mexe"
Alguns anos atrás atendi uma paciente que havia enfrentado um câncer. Na época, ela me contou que num determinado momento do tratamento sentia dores em todo o corpo, razão pela qual procurou atendimento no SUS. Ao relatar para uma médica que não podia se mover que doía todo o corpo ouviu a seguinte sugestão: "Então não te mexe". Uma determinação bisonha, surreal, de uma falta de humanismo gritante.
Quando procuram atendimento médico para qualquer especialidade os pacientes também buscam amor e compreensão. Dráuzio Varella citou certa vez num quadro do programa Fantástico que a anamnese não anda bem das pernas por aqui, obviamente sem generalizar, às vezes os médicos mal olham para os seus pacientes, tampouco os tocam na avaliação, tudo acontece através da fria análise do laudo de exames. Quem já teve a experiência de precisar acordar um médico mal humorado de madrugada durante um plantão numa unidade pública conta relatos horrorosos de indisposição.
Mas também existem os ótimos profissionais no atendimento público, eles além de competentes distribuem amor como complemento ao processo de restabelecimento da saúde de seus pacientes na devida atenção a eles. Certamente esses profissionais entendem que as pessoas também precisam conversar, falarem e serem ouvidas. Porque a lógica da frieza e da indisposição permeia a vida das pessoas cujo amor morreu no coração, e isso é tudo que a saúde não precisa. Como versa um velho ditado popular, o hoje é uma certeza, o amanhã ninguém sabe, exceto Deus.

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