Nilton Santos

Onde está o governo?

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, sentenciou Guimarães Rosa em sua célebre obra Os Sertões. Diante das imensas dificuldades que enfrentamos todos os dias, ouso dizer que o forte não está apenas no sertão, ele vive e sobrevive em todos os rincões desse país. Desde sempre esperando por dias melhores, vamos de fila em fila, de não em não, de idas e vindas catando papéis para provar que é pobre, que está vivo, que é gente...

Enquanto vamos vivendo do imaginário que chamamos de esperança, em Brasília se discute o quanto mais teremos que trabalhar até vir a aposentadoria, o quanto vão nos deixar de vida depois que nossas forças se esvaírem e não pudermos mais ganhar o pão de cada dia com o suor do nosso rosto.

Enquanto 40 milhões em emendas são negociadas para aprovar a salvação da pátria com o sangue do trabalhador, nosso presidente brinca de governar, como se fosse possível dirigir os rumos da nação pelas redes sociais. Alguém precisa dizer a Bolsonaro que ele foi eleito para mudar as coisas para melhor, que a paciência da brava gente brasileira está se esgotando, cansada de bate-bocas sem sentido, das bobagens que seus filhos, como adolescentes mal-educados, vem publicando em tuítes, da falta de imaginação e rumo de sua equipe.

Precisamos de um governo que governe. Que encontre solução para empreendedores atolados em dívidas, vergados diante de tantos custos, que nos faz pensar que empreender é pecado. Que se preocupe menos em jogar para a torcida e crie perspectivas para um novo amanhã, pois o que se viu até agora, até rende notícia, mas não põe comida na mesa.