Hilton De Franceschi

Odebrecht, um calvário

O ex-presidente peruano Alan Garcia decidiu abreviar o sofrimento de seus familiares e simpatizantes com um tiro certeiro na cabeça. A Odebrecht estendeu seus gigantescos e afortunados tentáculos para mais de 40 países em pelo menos três continentes, acolhendo prestigiadas autoridades e elegendo comparsas mundo a fora. O prestígio e a autoridade dos amigos da empreiteira virou um calvário para todos eles. Por óbvio, todos vão morrer, só que esses terão, agora, que decidir o quanto e como vão sofrer. Há os que covardemente escolheram negar tudo, dando a falsa impressão de inocência, outros delatam, tentando dividir o peso e há os que preferem chorar em silêncio. Alan Garcia, que disse acreditar na vida após a morte, preferiu o acerto de contas em outra dimensão.

O Castelo que desmorona

Com uma estrutura emocional e cultural frágil, o vereador Noeli Castelo, um representante legítimo de uma significativa parcela de eleitores do município, mesmo com a expressiva votação em duas eleições consecutivas, será insuficiente para evitar que se desmorone esse Castelo. Não estou em defesa do vereador, tão pouco minimizando os erros que ele possa ter cometido, mas é certo que, dentro da estrutura pública, há outros castelos com tantas evidências e denúncias de estar causando prejuízos ao erário público, em proporções ainda maiores, que não sofrem abalos. O serviço público é mesmo uma grande corrente. Aguarde, o primeiro elo que vai estourar é o do Noeli.

Imprensa livre

Incluo-me entre os que defendem a liberdade de imprensa, mesmo sabendo que são muitos os que por trás de um microfone, provocam verdadeiras tragédias sociais. O melhor exemplo está entre os que habitam o planalto. Muito são os políticos proprietários de um ou mais veículo de comunicação que, se valendo desse instrumento, garantiram várias eleições, suas e dos seus, nem sempre defensores dos ideais republicanos.

Uma ameaça à democracia

Gerou uma crise interna no STF e uma ameaça à democracia a tentativa de censura sentenciada pelo ministro Alexandre de Moraes. Aproveitar a derrapada dos ministros para fragilizar o STF é papel de quem tem pouco ou nem um apreço pela democracia. Mas quando o presidente Jair Bolsonaro disse que para ele a liberdade de expressão sempre será um direito legítimo e inviolável, veio à certeza: ditadura nunca mais.