Nilton Santos
- Nilton Santos
- 12 de abr. de 2019
- 1 min de leitura
Três conchas de galinha
Nesta semana, viralizou nas redes sociais uma mensagem em áudio onde um garoto, morador de Alvorada, diz ao amigo que ele teria “ratiado” em faltar à aula, justo no dia em que sua comida favorita, frango, foi o prato principal na cantina da escola. Pierre Silva Chagas, 15 anos, viu sua voz reverberar pelo mundo afora. Ao ouvir a mensagem, me chamou a atenção a euforia diante de um prato de comida, a ausência de palavrões e a alegria sentida quando ele e outro colega, aproveitando-se da distração da monitora, se serviram de: “três conchadas de galinha, repito, três conchadas de galinha!”.
A alegria demonstrada pelo menino é a de todos nós quando recebemos uma alimentação digna, pois quem passa fome não tem como ser feliz. A satisfação que uma refeição decente traz, nos ensina que não se precisa muito para que se dê ao ser humano tratamento digno. Nos faz pensar no quanto se desperdiça diante de tantos famintos que nos rodeiam, pois ninguém é feliz estando com fome.
A ausência de palavrões - e eu digo muitos - significa que a criança é devidamente assistida pela família e sistema de ensino que, aparelhado com professores recebendo salários dignos, preserva a infância de muita coisa ruim, resultando em adultos melhores.
Pierre, sem perceber, passou ensinamento de que talvez não precisemos de coisas sofisticadas e caras para sermos felizes, e que, para quem pouco ou nada tem, a felicidade está em “três conchadas de galinha”.

Commentaires