Paulo Ribeiro
- Paulo Ribeiro
- 12 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Gentileza
Gosto de observar o comportamento humano nos locais públicos de convivência, como supermercados, agências lotéricas e bancárias, postos de saúde, ruas, praças, etc e tal. A forma como nos relacionamos diz muito sobre o nível cultural que temos. Pequenos gestos de gentileza podem parecer desnecessários de serem levados em conta ao longo do dia, mas na verdade, são gestos que denotam nossa capacidade para avançar em atitudes maiores, de grandezas mais relevantes.
Vejo jovens que reclamam da presença de idosos nos ônibus coletivos urbanos ao final de cada mês. Por ocasião do calendário de pagamentos, dizem que se recusam a se levantar do assento porque eles não pagam passagem. Nas lotéricas, há quem se recuse a olhar para um idoso de muletas atrás de si nas filas preferenciais, reclamam que por serem aposentados têm todo o tempo do mundo.
Idosos sentem dores das mais variadas que se possa imaginar, e saem de casa porque é preciso. Falta gentileza no próprio trânsito, às vezes permeado pelo stress e a falta de paciência de quem vem atrás com o dedo cravado na buzina proferindo palavras de baixo calão, como se fora o dono da pista. Nas filas dos supermercados há um caos. A falta de educação nos impede de termos sequer uma boa gestão de espaço, carrinhos são jogados de forma atravessada e os cestos empilhados de forma desordenada, quando que pelo certo deveriam estar encaixados para ocupar menos espaço e facilitar o recolhimento.
É improvável requerer mudanças profundas dentro de uma sociedade que sequer dá conta do básico, pelo egoísmo ou mesmo pelo “jeitinho brasileiro”, uma expressão infeliz que nos faz conhecidos no resto do mundo. O saudoso poeta Mário Quintana adorava sentar nos bancos das praças em Porto Alegre, ficava observando as pessoas para nos brindar com belos versos até hoje a nos encantar. No “Poeminho do contra”, disse o mestre: “Todos esses que aí estão atravancando meu caminho / Eles passarão / Eu passarinho”.

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